Fator de Potência e Fator de Carga
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O fator de potência e o fator de carga são índices que demonstram se a utilização da
energia é eficiente e se existem possibilidades de melhoria. O conhecimento e o gerenciamento desses índices proporciona maior eficiência e segurança às instalações e equipamentos, além da redução do custo com a energia elétrica. 1- Fator de Potência A energia elétrica é o ente que produz força motriz nas máquinas e equipamentos elétricos. Essa energia é utilizada de duas formas distintas: a energia ativa e a energia reativa. A energia ativa é que realmente executa as tarefas, isto é, faz os motores girarem, realizando o trabalho do dia a dia. A energia reativa forma um campo magnético necessário para que o eixo dos motores possa girar. A energia reativa está presente em: motores, transformadores, reatores, lâmpadas fluorescentes, etc. Se efetuarmos a composição destas duas formas de energia, achamos a energia aparente ou total. Resumindo, o fator de potência é um índice que indica quanto da energia foi utilizada em trabalho e quanto foi utilizada em magnetização. O fator de potência (FP) é o quociente da potência ativa (kW) pela potência aparente (kVA). E, conforme o "Triângulo de Potências" abaixo mostrado, o fator de potência é igual ao cosseno do ângulo formado por essas duas potências. Assim: Fórmulas mais comuns: Para ilustrar a importância do fator de potência em uma instalação elétrica, vejamos o seguinte exemplo: Suponhamos a ampliação de uma indústria e que, para isto, seja necessário instalar um motor que opere com 100 kW e um FP = 0,67 (ou 67%). Para alimentar este motor será necessário dispor de um transformador de, no mínimo, 150 kVA de capacidade e a fiação deverá ser adequada para suportar essa potência (150 kVA). Considerando a fórmula:
Se melhorarmos o FP para 1,0 (ou 100%), será necessário somente um transformador
de 100 kVA, conforme demostrado a seguir: Origens de um baixo fator de potência
Tudo o que exige uma energia reativa elevada, acaba causando um baixo fator de potência:
a) Nível de tensão da instalação acima da nominal; b) Motores trabalhando a vazio durante grande parte do tempo; c) Motores superdimensionados para as respectivas cargas; d) Grandes transformadores alimentando pequenas cargas, por muito tempo; e) Transformadores ligados em vazio, por longos períodos; f) Lâmpadas de descarga (vapor de mercúrio, fluorescentes, etc), sem correção individual do fator de potência; g) Grande quantidade de motores de pequena potência. Conseqüências de um baixo fator de potência Um baixo fator de potência mostra que a energia está sendo mal aproveitada. Além do custo adicional da energia (cobrança de energia e demanda reativa excedentes), as instalações correm vários riscos: a) Variações de tensão que, por sua vez, podem ocasionar a queima de motores; b) Perdas de energia dentro de sua instalação; c) Redução do aproveitamento da capacidade dos transformadores; d) Condutores aquecidos; e e) Diminuição da vida útil da instalação. Como melhorar o fator de potência Para melhorar o FP deve-se reduzir o consumo de energia reativa, ou seja, solicitar menos energia reativa da concessionária. As alternativas para melhorar o fator de potência são as seguintes: a) Alternativa operacional: A alternativa operacional procura eliminar as distorções que porventura existam na instalação. As providênciasbásicas para eliminar estas distorções são:
É importante ressaltar que embora a eliminação de parte das distorções existentes não
seja, em muitas vezes, o suficiente para melhorar o FP a níveis desejados, a mesma deve ser sempre utilizada antes da opção pela alternativa da instalação de capacitores, devido a razões econômicas e de segurança. b) Instalação de Capacitores Para a instalação de capacitores a maioria das concessionárias de energia disponibilizam normas as quais tem como objetivo normatizar e disciplinar as instalações de capacitores. Algumas considerações Efetuando-se uma correção adequada do fator de potência, obtém-se as seguintes vantagens:
Energia e Demanda Reativas Excedentes O art. 64 da Resolução nº 456, de 29.11.2000, da ANEEL, estabelece um nível máximo para a utilização de energia reativa pela unidade consumidora, em função da energia ativa consumida. O fator de potência indica qual a porcentagem da potência total fornecida é efetivamente usada como potência ativa. Por este princípio, o nível máximo de energia reativa fornecida, sem cobrança, é o definido pelo fator de potência de referência = 92% ou 0,92. Valores inferiores indicam excedente de reativo, que será faturado na conta de energia elétrica. O faturamento da energia e demanda reativas excedentes utiliza as tarifas de consumo e demanda de potência ativas de forma a se efetuar a cobrança da energia ativa reprimida no sistema elétrico. Sempre que o fator de potência de uma unidade consumidora for inferior a 0,92 ou 92,00%, cabe a cobrança da energia e demanda reativas excedentes. Na estrutura tarifária convencional a energia e a demanda reativas excedentes são mensuradas através do fator de potência médio mensal. O fator de potência médio mensal é calculado com base nos valores medidos mensalmente de energia ativa (kWh) e energia reativa (KVArh).
Na estrutura tarifária horo-sazonal a determinação do fator de potência é horária e não
média mensal como na tarifa convencional. O fator de potência horário é calculado com base nos valores de energia ativa (kWh) e energia reativa (kVArh) medidos de hora em hora. No período de 6 (seis) horas consecutivas, compreendendo o horário entre 23h30m e 06h30m, o MEP considera apenas a energia reativa capacitiva verificada, para o cálculo o FP horário. Durante o período diário complementar a este, o MEP considera apenas a energia reativa indutiva verificada, para o cálculo o FP horário. O período exato de cada consumidor é definido em função do seu horário de ponta. A Celesc possui duas situações: a) FP capacitivo: 23h30 às 05h30
FP indutivo: 05h30 às 23h30
Utilizado quando o horário de ponta do consumidor é das xxh30 às xxh30.
b) FP capacitivo: 24h00 às 06h00
FP indutivo: 06h00 às 24h00
Utilizado quando o horário de ponta do consumidor é das xxh00m às xxh00m. Alguns
consumidores ligados antes da publicação da Resolução nº 456, de 29.11.2000 possuem horário de ponta diferenciado, não mais disponível a partir daquela data. Para consumidores novos, ou anteriormente faturados nas modalidades Convencional ou Monômio, é concedido um período de ajustes, de 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, durante o qual, o faturamento será realizado com base no fator de potência médio mensal. Durante o período de ajustes, a concessionária informará os valores de faturamento do reativo excedente que seriam efetivados através da medição do fator de potência médio horário. 2 - Fator de Carga O Fator de Carga (FC) é um índice que demonstra se a energia consumida está sendo utilizada de maneira racional e econômica. Este índice varia entre zero a um, e é obtido pela relação entre a demanda média e a demanda máxima, durante um período definido. O fator de carga é expresso pela relação entre a energia ativa consumida num determinado período de tempo e a energia ativa total que poderia ser consumida, caso a demanda medida do período (demanda máxima) fosse utilizada durante todo o tempo.
Em que:
kWh = consumo de energia ativa kW = demanda de potência ativa medida t = nº de horas ocorridas no intervalo Considerando valores apurados no mesmo período de tempo. O fator de carga também pode ser expresso em percentual, calculado com a aplicação da expressão: No caso de consumidores enquadrados no Sistema Tarifário horo-sazonal, o fator de carga é definido por segmento horo-sazonal (ponta e fora de ponta), conforme as seguintes expressões:
Em que:
FC = fator de carga kWh = consumo em kWh, ocorrido no segmento kW = demanda medida em kW, ocorrida no segmento p = segmento de ponta fp = segmento de fora de ponta t = tempo em horas, ocorrido no segmento Considerando valores apurados no mesmo período de tempo. A melhoria (aumento) do fator de carga, além de diminuir o preço médio pago pela energia consumida, conduz a um melhor aproveitamento da instalação elétrica, inclusive de motores e equipamentos e à otimização dos investimentos nas instalações. O fator de carga da unidade consumidora depende, entre outras coisas, das características dos equipamentos elétricos e do regime de operação dos mesmos, que por sua vez tem relação com a atividade executada no local. Formas simples de avaliar se é possível melhorar o FC de sua unidade consumidora:
Curva de Carga de uma instalação Em uma instalação consumidora de energia elétrica existem normalmente várias cargas e, como seu funcionamento nem sempre é simultâneo, a cada instante pode ser solicitada uma demanda diferente, dando origem à "curva de carga" da instalação, que é a representação gráfica das demandas nos seus horários de ocorrência. No gráfico a seguir, representativo da curva de carga, a área em azul corresponde ao consumo da energia elétrica da instalação no intervalo de tempo "t"; a demanda média corresponde ao consumo dividido pelo tempo "t" e a demanda máxima corresponde à maior potência demandada no intervalo de tempo. Preço Médio da Energia A determinação do preço médio da energia elétrica (relação entre o valor faturado relativo aos itens que compõem o fornecimento de energia elétrica e o consumo físico (kWh) do período) possibilita:
O preço médio da energia consumida varia mensalmente com o fator de carga: para
fatores de carga crescentes, temos preços médios decrescentes e vice-versa, conforme demonstrado nas expressões a seguir: 1 - Tarifa Convencional 2 - Tarifa horo-sazonal Azul 3 - Tarifa horo-sazonal Verde A fim de demonstrar a influência do FC no preço médio do kWh consumidor, apresentamos um exemplo comparativo mostrando duas situações. Considerando duas empresas que executam a mesma atividade, mas com fatores de carga diferentes. 1ª - FC = 0,4 2ª - FC = 0,65 Conclusões:
Obs.: Tarifas de Consumo e Demanda vigentes em 05/2006 - Grupo A4 - modalidade
Convencional. Evite estes desperdícios de energia
Medidas para aumentar o fator de carga
a) Alternativa Funcional: visa especialmente corrigir distorções existentes, quanto às
instalações elétricas e o funcionamento dos equipamentos elétrico. A correção dessas distorções é importante porque além de reduzir o preço médio da energia, aumenta a segurança das instalações. Para tanto devem ser tomadas as seguintes providências:
b) Alternativa Operacional: a ser aplicada depois da correção das distorções funcionais.
b.1) Redução da demanda conservando o mesmo consumo, através da reprogramação do funcionamento dos equipamentos, evitando-se que funcionem ao mesmo tempo. Procedimentos:
b.2) Aumento do consumo mensal do kWh, sem aumentar a demanda, com conseqüente
aumento de produção, utilizando-se os equipamentos por um número maior de horas. Procedimentos:
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