Quando projetamos subestações industriais, a maioria
delas é abrigada.
Trata-se de uma
edificação específica para instalar o sistema de medição da concessionária, o
sistema de proteção, o sistema de seccionamento para manutenção e os
transformadores.
É comum nessas subestações que os transformadores sejam
ligados em paralelo e do ponto de vista técnico existem vários motivos que
justificam esse tipo de associação, entretanto existe um outro aspecto (NR-10)
quase nunca levado em consideração pelos projetistas que é o risco de explosões
quando esses equipamentos são instalados em espaços sem ventilação ou em
câmaras subterrâneas, logo, caso sejam estabelecidas condições indesejáveis,
porém favoráveis pode ocorrer a explosão do transformador ou da câmara
subterrânea.
Um exemplo de condição indesejável é decorrente de defeito
interno do transformador, resultado da ausência de manutenções, quer
preventivas, preditivas ou corretivas.
Como consequência da situação descrita pode ocorrer a
formação de gases dentro do transformador e por meio de atuação da válvula de
alívio o interior da subestação ou a câmara transformadora pode ser
contaminada.
Caso a subestação ou câmara transformadora não seja dotada
de um sistema de ventilação eficiente, podem ocorrer duas explosões, sendo a do
transformador seguida da explosão da subestação ou câmara transformadora, que
normalmente é mais severa que a primeira.
Para termos uma ideia da quantidade de energia
liberada, apresento a seguir o cálculo
da energia despendida pela corrente de curto circuito (Icc) resultante de uma
falha trifásica, em nosso exemplo vou utilizar um transformador de 500 kVA,
comparado com o valor de corrente nominal (In) do equipamento.O valor da potencia de curto circuito (Pcc) resulta em:
Pcc = 220V x 30kA ≈ 6,6 MVA
Considerando o fator de potencia igual a 1, logo a potência
de curto circuito será 6,6 MW.
Como a atuação dos disjuntores não são instantâneas, leva
cerca de dez ciclos para abrir e extinguir o arco em seu interior, sendo assim
a energia liberada será de 1,1 MJ
Quando
existirem alguns transformadores ligados em paralelo, ocorre um aumento
significativo desses valores, conforme mostro a seguir. Considerarei três transformadores
com características idênticas ao anterior, ligados em paralelo e empregando a
mesma metodologia de cálculo.
Em que 0,015 é a impedância equivalente dos três
transformadores em paralelo.
A potência de curto circuito resulta em 57,9 MVA.
Considerando o fator de potencia igual a 1, logo a potência
de curto circuito será 57,9 MW.
Logo para os mesmos dez ciclos de operação do disjuntor, a
energia liberada será de 9,6 MJ.
Para efeito de comparação, segundo a "Explosions in Electrical Vaults - Georgia Institute of Technology - W.Z. Black" uma banana de dinamite libera 2
MJ de energia na explosão.
É possível concluir que, caso ocorra um curto circuito nos
secundários dos transformadores a energia liberada será muito significativa, o
equivalente a quase cinco bananas de dinamite dentro de um cubículo de
subestação. Pode-se concluir que um acidente envolvendo profissionais nessas
condições dificilmente teríamos sobreviventes, daí a importância de projetarmos
as subestações com base nos preceitos da NR-10, para garantir que esses
ambientes sejam seguros para os profissionais que fazem manutenção e outros trabalhos
em seus interiores.
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