Condutores
Os materiais atualmente utilizados como condutores
elétricos são o cobre e o alumínio. No caso de cabos isolados o cobre tem sido
preferido, visto que para transmissão da mesma quantidade de energia deve-se
utilizar uma seção de alumínio cerca de 70% maior do que a de cobre, fazendo
com que os volumes da isolação e cobertura sejam também acrescidos.
De acordo com as características mecânicas, o
cobre pode ser classificado em três categorias de têmpera, ou seja: mole (ou
recozido), meio duro e duro, com propriedades distintas, sendo o cobre mole o
de menor resistividade e o duro, o de maior resistência mecânica à tração. O
cobre mole é recomendável para aplicação geral em condutores isolados ou não,
onde se deseja alta condutibilidade e flexibilidade, sendo a resistência à
tração fator secundário.
Os Condutores dos cabos de energia podem ser
formados por um único fio ou pela reunião de vários fios formando cordas. As
cordas são concebidas para chegar-se a diferentes graus de flexibilidade, a
qual depende da relação entre a seção total do condutor e a do fio elementar,
do passo da corda e do grau de recozimento do material.
De um modo geral, quanto maior for o número
de fios componentes, mais flexível será o cabo.
Na sua concepção os condutores podem ter as
seguintes construções:
§ Fios e cabos com
encordamento simples.
Neste caso o condutor é formado por um único fio ou
por duas ou mais camadas concêntricas de fios de mesmo diâmetro em torno de um
fio central.
As formações padronizadas
para cabos com encordamento normal são:
7 fios (1+6)
19 fios (1+6+12)
37 fios (1+6+12+18)
61 fios (1+ 6+12+18+24) etc
Ou seja, cada coroa possui um número de fios
igual à última acrescida de mais seis.
§ Cabos redondos com encordamento
compactado
Após a formação da corda,
esta é compactada por uma matriz tornando o diâmetro do cabo resultante
significativamente menor, uma vez que os espaços vazios são substancialmente
reduzido.
As vantagens decorrentes da
construção compacta são inúmeras destacando-se que os cabos isolados terão um
menor diâmetro final, permitindo um melhor aproveitamento dos dutos e menores
raios de curvatura e, principalmente, devido à diminuição do volume de
materiais isolantes e protetores.
§ Condutores Setoriais
Compactados.
São normalmente utilizados em cabos multicondutores (três ou quatro
condutores) para que se obtenham cabos com menor diâmetro interno.
§ Condutores Redondos com Encordamento Composto.
São formados pela reunião
de vários condutores previamente encordoados, chamados cochas.
Esta modalidade de
encordoamento é utilizada em cordões que exigem grande flexibilidade devido a
sua movimentação contínua durante seu ciclo de operação em condições de uso.
Nos casos de condutores
redondo convencional são as seguintes as classes de encordoamento padronizadas
pela ABNT.
CLASSE DE ENCORDOAMENTO
|
APLICAÇÃO
|
1
|
Fio circular de seções nominais de 0,5mm2 a 150mm2 (acima
de 16mm2 considerados especiais)
|
2
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Cabos de energia em geral circulares compactados ou não até 2000mm2
e condutores não circulares compactados
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3
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Cabos de energia não compactados circulares de 10 a 185 mm2
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4
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Cabos flexíveis de 0,5 a 500mm2
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5
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Cabos flexíveis de 0,5 a 630mm2
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6
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Cabos flexíveis de 0,5 a 300mm2
|
No caso de condutores setoriais,
anulares e segmentados, a experiência de cada fabricante permite a solução
ótima do problema.
Blindagem do Condutor
A blindagem do condutor, constituída por
materiais condutores não metálicos (normalmente chamados semicondutores) tem
como principais finalidades dar uma forma de perfeitamente cilíndrica ao
condutor e eliminar espaços vazios entre
o condutor e a isolação. No caso de um condutor encordoado de um cabo de média
ou alta tensão não possuir um recobrimento com material condutor, o campo
elétrico assume um forma distorcida, acompanhando a superfície do condutor.
Nestas condições, o dielétrico é solicitado de um modo não uniforme, sendo que,
em alguns pontos, estas solicitações poderão ultrapassar os limites
permissíveis à isolação, resultando em uma depreciação na vida do cabo. Além
disto, no caso de dielétricos sólidos, quando da extrusão da isolação
diretamente sobre o condutor, poderão surgir bolhas de ar nos locais onde o
material isolante não penetrou totalmente entre os fios, e o ar será então
ionizado pela ação do campo elétrico e ocorrerão descargas parciais que irão
danificar tanto a isolação até a sua perfuração, devido tanto ao bombardeio de
elétrons, gerando calor e erosão, quanto ao ataque de ozona.
Em
geral, cabos com tensão nominal a partir de 1,8/3 kV possuem condutores
blindados.
No caso de cabos com dielétricos sólidos, a blindagem do
condutor, constituída por material condutor não metálico, é aplicada, por
extrusão, simultaneamente com a camada isolante.
Materiais Isolantes
Um dos componentes de maior importância de um
cabo de energia é a sua isolação. A necessidade crescente de maiores gradientes
de serviço, para os cabos modernos, resulta no desenvolvimento tecnológico
contínuo, objetivando o aprimoramento dos dielétricos e processos em uso e a
criação de novos tipos.
Na escolha do material isolante a ser usado,
são determinantes algumas características, tais como:
a) Elevada rigidez dielétrica
perante solicitações a 60 Hz e de impulso (descargas atmosféricas e surtos de
manobra);
b) Baixas perdas dielétricas;
c) Fácil dissipação de calor e,
portanto baixa resistividade térmica;
d) Resistência ao
envelhecimento nas condições de tensão
- Temperatura de serviço
desejadas. Espera-se normalmente que os cabos tenham uma vida superior a 20
anos.
e)
Flexibilidade, principalmente nas instalações de equipamentos móveis.
Dielétricos sólidos
Os dielétricos do tipo
sólido podem ser divididos em duas Categorias, segundo o seu comportamento
térmico:
- Termoplástico
- Termofixo
Estas duas categorias de
materiais se distinguem principalmente quanto à sua estabilidade térmica e
quanto ao seu processo de fabricação.
Dielétricos Termoplásticos
Os principais dielétricos do
tipo termoplástico atualmente em uso como isolação para cabos de energia são:
- Polietileno linear (PE)
- Cloreto de polivinila (PVC)
Os termoplásticos, obtidos diretamente da
extrusão do material isolante sobre o condutor, são materiais que quando
sujeitos a um aumento gradativo de temperatura mantém seu estado sólido até
cerca de 120°C
e, a partir daí perdem suas características mecânicas e amolecem até tornarem
líquidos. Na prática, os compostos termoplásticos tem sua temperatura de regime
normal e transitório limitada para que seja evitada a movimentação relativa do
condutor no universo isolante, acarretando uma redução de sua espessura e
ocasionando defeito no sistema.
Os compostos de PVC tem se mostrado adequados para a
utilização em redes de distribuição em baixa tensão residenciais e industriais
devido a sua ótima resistência mecânica e sua estabilidade perante o ataque de
agentes químicos.
Já os compostos de polietileno linear (PE) a partir
de tensões nominais de 1,8/3 kV tem-se mostrado mais vantajosos do que o PVC
devido as suas superiores propriedades dielétricas.
Dielétricos Termofixos
Os dielétricos termofixos, obtidos a
partir da extrusão e vulcanização do material, caracterizam-se por manter seu
estado físico mesmo em regimes onde altas temperaturas estão envolvidas, uma
vez que quando se eleva sua temperatura além do limite admissível o material se
carboniza sem se tornar líquido.
Na prática a temperatura de regime permanente
recomendável é de 90°C ,
sendo que em regime de emergência se permite atingir 130°C e durante transitórios
provenientes de curtos-circuitos os termofixos podem suportar, sem se
deteriorar, temperaturas de até 250°C .
A excelente estabilidade térmica destes
materiais permite que mais potência seja transportada utilizando-se a mesma
seção de condutor do que o similar termoplástico e, principalmente, em sistemas
onde se tem alto nível de curto-circuito, uma economia global poderá ser obtida
com aplicação de isolamento termofixos.
Os principais dielétricos termofixos (vulcanizados)
utilizados em cabos de energia são:
- Polietileno reticulado (XLPE)
- Borracha etileno propileno (EPR)
O XLPE, além das excelentes propriedades
dielétricas, apresenta um baixo fator de potência o que faz com que suas perdas
dielétricas sejam mínimas quando comparadas com os demais materiais isolantes.
A borracha etileno propileno (EPR) apresenta como propriedades mais importantes
a sua alta resistência a descargas parciais e sua boa flexibilidade a frio.
Em particular, o EPR devido a sua boa flexibilidade
encontra aplicação como isolação de cabos de controle dos cabos de baixa tensão
para a indústria naval e de plataforma de prospecção de petróleo
Os cabos isolados com polietileno reticulado (XLPE)
e borracha etileno propileno (EPR), têm sido preferidos como uma alternativa
técnico-econômica para a substituição dos cabos de papel impregnado em sistemas
de distribuição em baixa, média e alta tensão.
Blindagem da Isolação
A função principal da
blindagem da isolação é a de propiciar uma distribuição radial e simétrica de
campo elétrico fazendo com que o dielétrico seja uniformemente solicitado. Da
mesma forma que a blindagem do condutor, a blindagem da isolação para ser
efetiva deverá manter um perfeito contato com a superfície externa da isolação,
eliminado assim a possibilidade de bolhas de ar que dariam lugar as descargas
parciais. A blindagem da isolação proporciona também uma capacitância uniforme
entre o condutor e a terra o que representa uma impedância característica (Zo)
uniforme ao longo do cabo evitando pontos com grande concentração de linhas de
campo, o que acarreta uma melhor performance perante às solicitações de
impulso.
A blindagem da isolação é constituída por meio
de uma camada de material condutor não metálico que além de uniformizar o campo
elétrico possui condutância suficiente para o transporte das correntes de fuga
e capacitavas. A blindagem metálica sobre esta semicondutora é por meio de
fitas ou fio de cobre que tem a função de transporte de correntes induzidas ou
de curto-circuito.
Em geral os cabos com tensão
nominal a partir de 1,8/3 kV possuem blindagem da isolação.
No caso de cabos com
dielétricos sólidos a blindagem da isolação pode ter uma das seguintes
construções:
-
Material condutor não-metálico, de fácil remoção a frio, obtido, a
partir da extrusão.
- Aplicação contínua de verniz semicondutor sob
fita semicondutora.
A blindagem metálica pode
ser formada pela aplicação helicoidal de fitas de cobre sobrepostos ou pela
aplicação de fios de cobre.
Para sistema com alto
nível de curto-circuito fase-terra é recomendável a especificação de cabos com
blindagem de fios de cobre que além de uma maior capacidade de corrente possui
impedância praticamente constante ao longo da vida do cabo.
Proteção
Coberturas
Para o núcleo do cabo que é constituído
pelas camadas internas, abaixo da cobertura foi determinante na escolha destes
materiais as características elétricas, mecânicas e químicas. Nota-se que até o
núcleo, as características de resistência a agentes químicos ou mecânicos
externos, executando-se casos particulares, não são consideradas em primeiro
plano.
É necessário então que em
função das condições de instalação, sejam projetadas coberturas como proteção
ao núcleo do cabo, em função do meio e dos elementos que mais possam afetar a
vida e a integridade do núcleo, mantendo, contudo uma coerência de
flexibilidade quando necessário.
Na escolha do material para
cobertura a ser usada são fundamentais algumas características, tais como:
a) Impermeabilidade
b) Resistência a abrasão,
rasgamento e impacto
c) Inflamabilidade
d) Baixa emissão de gases durante
eventual queima
e) Estabilidade térmica
f) Resistência ao ataque de
agentes químicos e atmosféricos
g) Flexibilidade
Dentre os
materiais adotados para coberturas em cabos, os seguintes se destacam, devido
às suas diferentes performances perante uma particular aplicação:
-
Cloreto de polivinila (PVC)
-
Cloreto de polivinila resistente à chama (PVC-TRC)
-
Polietileno linear (PE)
-
Polietileno Clorossulforado – CSP (Hypalon)
-
Policloroprene (neoprene)
-
Material não halogenado
Armações
No Caso de instalações mais
sujeitas a esforços ou danos mecânicos podem ser previstas proteções metálicas
adicionais sendo os tipos mais comumente adotados os seguintes:
Armações de fitas de Aço galvanizado
São normalmente utilizadas
em cabos múltiplos instalados diretamente no solo onde nenhuma outra proteção contra
golpes e esforços transversais é prevista.
Em caso de cabos instalados
em túneis e galerias esta modalidade de armação é particularmente adequada à
proteção contra ataque de roedores.
Normalmente a armação é
protegida contra corrosão por uma cobertura a qual facilita também os serviços
de instalação.
No caso de cabos instalados
diretamente no solo onde é prevista sua proteção por meio de lajotas de
concreto a armação perde sua finalidade.
Armação com Fios de Aço Galvanizado
São normalmente utilizados
em cabos múltiplos instalados em locais pantanosos ou em instalações
subaquáticas protegendo o cabo contra esforços longitudinais (tração). Este
tipo de armação é também recomendado quando da instalação de cabos na vertical
onde o peso do cabo deve ser suportado pela armação.
Armação com Fitas Corrugadas Intertravadas
(“Interlocked”)
Este tipo de armação
cumpre o mesmo objetivo que a composta por fitas planas, ou seja, proteger o
núcleo do cabo contra esforços mecânicos radiais.
No caso de cabos singelos, para se evitar perdas
adicionais, são empregados materiais não magnéticos, ou seja, fitas ou fios de
bronze caso se deseje proteger contra golpes ou esforços de tração
respectivamente.